Fantasia ou Mentira?

Algumas pessoas não estão convencidas do imenso valor da fantasia no crescimento e desenvolvimento da criança.

As crianças capazes de serem imaginativas possuem maior capacidade e habilidade para enfrentar situações e de aprender.

Por meio da fantasia além de divertir junto com as crianças podemos também descobrir o processo de movimentação para a vida. O mesmo processo da fantasia é o mesmo que o processo de sua vida.

A criança pode trazer pela fantasia, luz aos processos que ela oculta ou evita. Para tanto é muito importante observar as suas brincadeiras.

Percebo que muitos pais se preocupam porque seus filhos parecem ficar perdidos no mundo da fantasia. E indagam se pode ser mentira.

Mentir é um padrão de comportamento, e não uma fantasia, algo que não está certo para a criança; embora às vezes os dois se confundam.

O mentir da criança está relacionado ao medo de assumir uma posição de si mesma, de encarar a realidade como ela é, uma autoimagem pobre, ou uma culpa. Nesse sentido, mente para se defender e age de forma oposta ao que realmente sente.

Pais severos, inconsistentes ou com expectativas altas que sejam difíceis de serem cumpridas pelos filhos, ou por não os aceitar como são, fazem com que eles mintam para serem preservados.

A criança ao mentir acredita em si mesma. Tece uma fantasia que seja aceitável. A fantasia torna-se um meio de expressar as coisas que tem dificuldade em admitir como realidade.

As fantasias são expressões de seus sentimentos, a sua própria essência. É preciso ouvir com atenção o que ela diz para poder entendê-la, aceitá-la e compreender o seu mundo interior.

As crianças criam um mundo de fantasia por julgarem o mundo real difícil de viver. Para elas essas fantasias são reais e passam a agir, muitas vezes de modos inexplicáveis e trazem sentimentos de medos e ansiedades.

Essas fantasias podem também ser expressas por meio de um desenho ou com argila, massinha.

Contar histórias é uma forma de encaminhar as crianças a fantasiar, pode ser desenvolvida de modo oral, de escrita e dramatizada.

Pedir às crianças que fechem seus olhos e imaginem uma situação, iniciando de forma simples e depois aumentar a dificuldade é um excelente exercício a ser desenvolvido com elas.

Vou dar um exemplo:

– Simples – Feche os olhos e imagine – um ratinho cinza dentro de um buraquinho. Ele está te olhando.
De repente, ele muda de cor. Agora é Verde e manda um beijinho para você.

– Complexo – Você está em frente ao espelho, de repente você percebe que algo está fazendo cócegas em suas costas. Algo começou a crescer.
É um par de asas e foi ficando maior e você agora consegue mexer.

Você resolve ir para um local bem alto e quer voar. Você se atira e as asas começam a bater e você voa, de lá pra cá, sobe, desce e sente uma brisa deliciosa.

Você gostou tanto que não queria mais descer. Mas é preciso e você pisa em terra novamente. E, abre os olhos.

Pode pedir para a criança desenhar como foi o processo e conversar com ela.