POR QUE SEU FILHO NÃO QUER DORMIR?

Lúcia tinha dificuldade para dormir e sua mãe para solucionar o problema a ameaçava: se você não dormir o “homem do saco vem te pegar”. A menina com medo dormia. As ameaças funcionavam momentaneamente, mas fizeram com que Lúcia se tornasse uma criança medrosa, angustiada, assustada pensando que algo ruim poderia acontecer.

Essa atitude da mãe com o uso abusivo das ameaças fazia com que a criança obedecesse por medo de ficar de castigo ou para obter recompensas.

Para adormecer é preciso que a criança possa repousar de forma protetora que se dá pela imagem da mãe para que possa regredir sem se sentir ameaçado.

Já as perturbações ou dificuldades do adormecimento das crianças é variada:

  • insônia precoce e tardia,
  • rituais ao deitar-se,
  • fobia ao deitar-se e
  • condutas patológicas que aparecem durante o sono (terror noturno, sonambulismo, enurese).

A insônia do primeiro ano é frequente e reflete um problema relacional entre o bebê e seu ambiente. Podem ser: rigidez dos horários, excesso de alimento, barulhos excessivos. A insônia costuma ceder ao melhorar as condições desfavoráveis.

A insônia precoce grave, ou a insônia agitada, o bebê não para de gritar de se agitar, acalmando por um tempo mínimo, voltando logo após, a condutas agressivas. Estas insônias são mais raras. Parecem traduzir um fracasso da mãe em proteger o sono do seu filho. Esta situação é preocupante e requer terapia conjunta mãe/filho.

A insônia calma onde o bebê fica na cama quieto, com os olhos arregalados, silencioso de dia e à noite. Parece não esperar nada.

Dificuldade de a criança adormecer

As dificuldades de adormecimento da criança fazem parte do desenvolvimento natural da criança entre 2 a 5 anos ou 6 anos.

A aparição dos primeiros sonhos de angústia da criança faz com que elas tenham sono inquietantes e a criança não quer se deitar realizando diversos rituais contra fóbicos como: presença da luz, objeto transicional necessitando de um paninho, um bichinho… e até mesmo o polegar, e necessidade de ouvir uma história.

Os pais devem perceber esse momento e ficar o tempo necessário com o filho.

Outras situações presentes:

  • Barulho, dormir no quarto dos pais, excitabilidade na hora de dormir.
  • Rigidez excessiva dos pais, oposição da criança que deseja manter o controle da situação.
  • Estado de ansiedade ou conflito interno temendo regredir pelo sono.

Muitas vezes uma reorganização do espaço como deixar de dormir com os pais, um lugar mais calmo pode levar ao desaparecimento desses transtornos.

As manifestações são diversas como:

  • Opor ao deitar-se: a criança grita esperneia e somente depois de muita luta acaba por ceder devido ao cansaço.
  • Rituais como: a criança exige o seu travesseiro, o brinquedo o paninho, ou outro objeto sejam dispostos sempre da mesma maneira. Às vezes reclama uma água, a mesma história, o leite. Manifestações essas na tentativa de dominar a angústia.
  • Fobia de deitar-se: quer a luz acesa, a porta aberta e quando tomada de pânico quer que segurem a mão, quer dormir entre os pais. Essa situação pode aparecer depois de um sonho de angústia ou um terror noturno por volta de 2 a 3 anos.
  • Insônia verdadeira: Observada em criança maior ou na adolescência. É muito mais rara e defasados ao final da noite ou no início da manhã.
  • Fenômenos hipnagógicos entre 6 e 15 anos, no momento do adormecer. Sensações como sobressaltos, visuais imagens de animais, personagens, podem ser auditivos, provocam o despertar levando a dificuldades para adormecer novamente.

Parassonias

Angústias noturnas: sonhos de angústia com despertar ansioso.

Terror noturno:  é um ataque de angústia breve que surpreende a criança em pleno sono. Mergulha-a num estado de pavor. A criança grita em sua cama com os olhos desvairados e muito assustada. Não reconhece o ambiente, nem a sua mãe, não raciocina. É notada a palidez, suores e sua duração e de alguns minutos. A criança volta logo a dormir. Inicia no período edipiano por volta de 3 a 4 anos, logo no início da noite. Ao despertar nem sempre lembra do ocorrido.

Sonho de angústia: É muito frequente. Observado desde os 2 anos. A criança geme, chora e pede socorro. ÀS vezes desperta.

Despertar ansioso. É comum que a criança corra à cama dos pais e volta a dormir.

Sonambulismo

Há predominância entre os meninos aparece entre 7 a 12 anos. É fácil de reconhecer. A ausência de medo e até mesmo de qualquer inquietação. A criança se levanta e anda pela casa, chegando a sair na rua.

No dia seguinte não se lembra de nada e desaparece espontaneamente.

Importante zelar pela segurança da criança como escada, janela, porta que leva a lugares de risco, visto que pode ocorrer acidentes durante o sonambulismo.